Fevereiro de 2020, onze meses após a notícia que mudou nossas vidas radicalmente.
Medo, angústia, dúvidas, curiosidades, alegrias com pequenas coisas, valorização da família, gratidão a tudo e com todos, mas diante de todos esses sentimentos um ainda é prioridade: o egoísmo. Sim, o egoísmo.
Nesses últimos onze meses, presenciei muitas discussões que levavam apenas à vontade de fazer a vontade própria, a opinião própria tinha sempre que prevalecer em detrimento da opinião do outro que poderia até estar certa, mas como não foi ideia ou vontade própria, logo jamais seria acatado.
E agora, uma das discussões que anda me angustiando absurdamente, trata do retorno das crianças à escola.
Todos os problemas citados para o não retorno das escolas, são problemas antigos da educação que o Covid19 veio apenas escancarando os problemas já existentes, e com isso também temos o grande problema de tanto conflito, “a falta de educação”, a educação cidadã-política e humana.
As pessoas opinam com base apenas na sua questão e não param para olhar ao seu redor, então temos pessoas fazendo suas viagens de férias normalmente, suas festas de aniversário, seus "rolês", usando máscara apenas para entrar nos comércios, dando a impressão que o vírus da Sars Cov passa por portais invisíveis que só encosta no nosso rosto em alguns lugares, e o mais insensível da postura humana, é não considerar que alguns profissionais estão totalmente expostos à contaminação por intermédio da nossa irresponsabilidade. Falo de lixeiros, catadores de reciclagem, motorista de transporte público, seguranças, porteiros, faxineiros, recepcionistas, atendentes, operadores de caixas, e obviamente todos os profissionais da saúde.
Eu sinto nas reclamações pessoais, um peso grande para justificar porque não precisa trabalhar ou estudar, mas em nenhum momento é citado que é por conta de quem não teve escolha e não parou nenhum um dia para manter o país em pé e não ser contaminado.
O que é isso? Falta de educação cidadã-política e humana, deixando claro que quando me refiro a política, me refiro que toda ação cidadã é política suprapartidária, ou seja, acima de qualquer partido que aliás, só vem para acrescentar as divisões de opiniões sem fundamento.
Acentuando a falta de compromisso com a educação, uma vez que desconsidera a importância dos estudos.
Por fim, a necessidade absurda de provar que uma opinião é melhor que outra, a vida das crianças vulneráveis socioeconomicamente, mais uma vez estão sendo selecionadas a ficar por último na sua garantia de direitos.
Crianças, não podem ir à escola, mas podem ficar na rua, nos faróis, nos ambientes conflituosos e expostos à própria “sorte” de abusos.
Ah sim, a responsabilidade é dos pais, não somente, é também do Estado.
Ou seja, o Estado faz o favor de priorizar todos os profissionais da educação, abre as portas das escolas direito e cobra daquele que não fizer a sua parte nos cuidados das crianças, ensina que ela aprende, coisas boas e ruins, e só vejo ensinarem coisas ruins.
E concluo meu raciocínio perguntando, diante desse cenário, onde está a efetivação da nossa carta magna que diz que TODOS têm direito à saúde, educação, lazer?
Por que só alguns têm esse direito?
A culpa é do Covid19?
Por Maria de Fátima Rebouças da Silva
Assistente Social- CRESS 40957
Comments