Apresento em poucas linhas, a importância da atuação técnica interdisciplinar em casos judiciais que tratam violações de direitos de crianças e adolescentes com um recorte à temática racial de origem afrodescendente.
Como assistente social e assegurada pelo código de ética profissional, tenho como princípio não permitir que nenhuma pessoa sofra agravos em sua dignidade humana.
De repente, me deparo com histórias de abusos, estupros e uma série de ocorrências contra crianças e adolescentes, e por intermédio de um cidadão e profissional de escola que percebe tais violações, se prontificou a fazer denúncias e até mesmo entrar no processo de adoção para diminuir tais sofrimentos das vítimas.
Para muitos, uma história corriqueira, contudo é necessário uma parada para refletirmos sobre algumas importâncias que cerca esse tema.
Pessoas pretas com funções profissionais de cunho decisório, que fazem a diferença em suas atuações, pois com elas não trazem apenas o que os livros ensinaram, mas sim as vivências por vezes parecidas com a dos seus clientes.
Meninas, pretas, pobres, periféricas, com deficiência, são adjetivos que estigmatizam, excluem, rotulam e quando esse nicho populacional se depara com profissionais pretos, minimamente se sentem acolhidos e com esperança que seu caso será visto por uma lente parecida com a sua, e pode até parecer neste meu discurso que uma pessoa branca não teria condição de conduzir o caso com maestria, e na verdade, não venho aqui para discutir competências, pois todos as têm de alguma forma. Venho trazer a importância da representatividade e da importância de nos vermos nos diversos espaços sociais, e em singular nessa questão, quando uma menina preta, pobre, periférica sabe que sua advogada, sua psicóloga, sua assistente social também mora ou já morou no mesmo bairro, que se identifica visualmente com traços da sua cultura negra, são detalhes que impactam positivamente no desenrolar dos processos.
Precisamos de fato estar em espaços profissionais pouco ocupados por pessoas pretas, e com isso servir de espelho para todas aquelas crianças que passam por situações violadoras, se sintam representadas e encorajadas a mudar sua história e não serem mais um número para estatística das coisas ruins que acontecem no país.
Eis a importância das ações afirmativas das políticas públicas de erradicação de toda e qualquer forma de preconceito.
Por Maria de Fátima Rebouças da Silva
Assistente Social- CRESS 40957
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